“A Lucélia era tão famosa na China que nós resolvemos ir para a China fazer um projeto, que era a Lucélia e eu como diretor, nós fomos para Sichuan, fomos para Xangai, passamos lá, a convite do governo, um mês… 20 poucos dias. Era inacreditável a Lucélia caminhando nas ruas de Sichuan, de Xangai, era um absurdo o sucesso da Lucélia por “Escrava Isaura” e por “Sinhá Moça”.
Adoraria trabalhar com a Lucélia hoje, seria incrível ter a Lucélia de volta em um papel lindo, ela é uma grande protagonista. Eu acho que a gente tem um caminho, que nós traçamos juntos, maravilhoso, em tudo que a gente fez. Eu acho a Lucélia para mim igual até hoje, se você conversar com ela você não vê o tempo passar. Ela tem uma juventude dentro dela incrível.
Quando a gente foi a China, nos anos 90, foi uma viagem fantástica, histórica, para a gente. Eu tenho ela toda filmada para você ter uma ideia, nessa viagem eu lembro que a gente teve oportunidade de ver os últimos teatros ao ar livre que existiu na China, porque eles foram fechando.
Sobre “Sinhá Moça” foi muito fácil o trabalho, porque a Lucélia não precisava interpretar, já estava no âmago dela, eu acho que ela fez isso com tamanha tranquilidade, tamanha leveza… Acho que a Sinhá Moça era muito leve, era um personagem que existia, você não via uma atriz interpretando, ai é que eu acho que tem uma diferença muito grande, onde eu tento chegar no meu trabalho. Uma coisa é a gente assistir uma novela, assistir um filme sem envolvimento, outra coisa e eu tentar fazer você entrar na história, você viver aquela história como aquela personagem está vivendo, o que a Lucélia tinha de incrível é que ela fazia a gente viver a vida dela como Sinhá, por isso que a novela fez tanto sucesso, a gente viveu com ela, não era uma coisa que a gente apenas assistia Sinhá Moça.
O que era bonito é que, tanto a Lucélia, quanto o Rubens de Falco, conseguiam travar os olhares, não piscavam, era uma interpretação suave. Era uma entrega diferente de outros atores que você só vê o nome. Tem atores que você lembra de cada personagem, você não lembra do ator, você lembra do personagem, essa é a diferença. Você quando lembra do personagem é porque foi tão intensa a vivência daquele ator com aquele personagem que você não vê a pessoa, você não vê o ator. Eu acho que a Lucélia é uma estrela completa e isso é o que importa.”
Jayme Monjardim
Diretor
(Dirigiu Lucélia Santos na novela “Sinhá Moça”, da TV Globo, em 1986)
Mensagem de áudio em 2025