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Aladim Miguel
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Dúvidas e esclarecimentos

SURA BERDITCHEVSKY

“Oi Aladim, a minha ligação com a Lucélia é uma ligação muito significativa né porque nós passamos o nosso início de carreira na mesma cidade, num momento em que a gente compartilhava muito né não tinha rede social. As pessoas se encontravam com muita frequência, e num momento especialmente difícil de censura, então tinha essa necessidade também da classe estar ali próxima, junta e enfim…

Eu me lembro muito quando a Lucélia chegou no Rio, na casa da Zezé Motta, eu estava lá neste dia, e eu me lembro muito de um adulto, não sei se era o pai dela, trazendo, eu me lembro dela entrando pela casa, pelo apartamento térreo da Rua Resedá, ela com a malinha dela para ficar no Rio, que ela iria fazer então um trabalho e então a Zezé Motta, e o Wolf Maya, também morava ali, e a Zezé foi assim…. abraçou completamente a Lucélia.

E então nós frequentávamos os mesmos lugares, nós temos algumas coisas em comum, muito interessantes. Um período na televisão, apesar de a gente nunca ter contracenado diretamente né. O período na televisão, no cinema, Lucélia fez Nelson Rodrigues, eu também fiz 4 obras do Nelson Rodrigues, então assim semelhanças interessantes né. E um afeto muito, muito grande, depois a Lucélia casou com o John Neschling, meu amigo, com o Johnny, pai do filho dela, enfim, muito amiga, de grandes amigos, nós assim com amigos em comum.

Então tinha um elo assim de muita afinidade, de companheirismo, apesar da gente não ter trabalhado neste período, não termos trabalhado juntas. E tem uma coisa muito interessante que o segundo filme que eu fiz, longa, “Coronel Delmiro Gouvêia”, eu fazia uma cena, trabalhava com o Rubens de Falco, que havia feito a “Escrava Isaura” com ela, que era um sucesso assim retumbante né (rindo), uma coisa, um fenômeno.

E nós estávamos em pleno sertão do Brasil, e a gente tinha uma cena em que ele me raptava, eu fugia galopando e as pessoas enlouquecidas, em pleno sertão isso, achando que eu era a escrava Isaura (rindo), então, era assim, foi muito incrível porque naquele meio árido do sertão brasileiro já chegava esse fenômeno da televisão e a Lucélia realmente foi assim, a personagem, atriz, que lançou isso para fora do Brasil, enfim…

Então nós sempre tivemos assim neste período tão longo de início da carreira, de formação da gente, depois fazendo, realizando os nossos trabalhos, tendo os filhos, a minha filha é próxima da idade do filho da Lucélia, então foi uma geração assim, e engraçado que nós só fomos nos encontrar nesse especial sobre Alan Kardec, e foi tão incrível assim, eu não me lembro muito o que a gente falou, mas foi uma coisa assim de tão reconhecimento tão fácil, é tão familiar, da gente estar ali naquele momento, foi tão bacana da gente poder fazer esse trabalho juntas, porque a gente se conhece tanto e a gente nunca tinha contracenado, a gente nunca tinha feito nenhum trabalho, então foi tão bacana, foi tão fluido também, eu acho que aconteceria novamente se por acaso a gente viesse a fazer alguma coisa juntas agora, acho que seria da mesma maneira. Tem uma irmandade ali, tem uma cumplicidade sabe, de vivências, de pontos em comum, dos nossos mestres, das gerações anteriores que abriram caminhos pra gente, e ao mesmo tempo o quanto também nós já abrimos caminhos pra outras gerações que estão vindo, que vieram, e que continuam a chegar. Eu tenho uma admiração muito grande pela Lucélia.

Desde muito novinha, essa coragem de sair de Santo André, ir para São Paulo para fazer teatro, acho que ela começou fazendo uma peça infantil em São Paulo e depois veio para o Rio de Janeiro, longe da família, empreendedora, corajosa, sempre essas características assim são muito fortes nela. E eu sempre admirei muito, e sempre ri muito, muito engraçada, muito gaiata, espevitada, assim, acho que esse é o termo que eu sempre acho poderia definir assim.

Era uma jovenzinha, uma atriz espevitada, curiosa, engajada no sentido mais amplo da palavra, assim de comprometimento, comprometimento com as convicções dela, com os valores e com a profissão. Então acho que são qualidades tão importantes para nossa profissão, para nossa vida, e eu lamento não ter trabalhando mais com a Lucélia, uma querida, uma querida mesmo e é isso. Um Beijo!

Você sabia que iria contracenar com a Lucélia quando foi convidada para o especial “As Cartas de Chico Xavier”. Como foi seu reencontro com ela no estúdio.

Falando especificamente agora do especial, foi tão rápido, sabe essas coisas de gravação muito rápida, poucos dias de gravação, mas eu não me lembro exatamente se eu sabia ou se eu soube antes foi muito recentemente, mas foi um encontro muito de surpresa, da gente, de nós duas, dela comigo, e eu com ela, e também algumas coisas interessantes.

A minha família, eu tenho também uma afinidade com o kardercismo, e o especial era sobre isso, eu tenho muitas pessoas da minha família de judeus kardecistas, acho que por uma coisa ancestral , da cabala, muito provavelmente, mas existe esse ponto assim muito forte, que é muito comum nos judeus da diáspora, porque passaram por tantas culturas, tantos países diferentes então a gente tem uma proximidade com o kardercismo, esse trabalho pra mim, eu acredito que para a Lucélia, de uma outra maneira, mas eu acho que também foi assim, foi de muito fácil compreensão daquele universo, nada que tivesse longe do meu entendimento, da minha aproximação.

Eu não me lembro, eu queria até rever novamente esse programa, mas foi muito forte fazer essa história porque foi em cima de um fato, de uma história real, como muitas histórias que a gente escuta e sabe e lê, e no entanto tinha uma aproximação afetiva assim de entendimento, de compreender o que eu estava fazendo ali, eu acho que se fosse para um outro tipo de experiência de espiritualidade mesmo com mais raízes brasileiras até talvez eu tivesse menos conhecimento do que essa parte assim do kardercismo, do Alan Kardec, que desde muito pequena era muito próximo da vida da gente, assim livros, literatura que permeava de casos de pessoas da família que falavam de casos que a gente escutava, de algumas vezes, algumas ou muitas vezes, que eu fui ainda criança, jovenzinha, então tinha essa ligação forte.

E essa ligação com a Lucélia também, então tinha ali um ambiente que a gente estava muito junto, nós estávamos juntas, eu estava falando anteriormente dos nossos filhos, eu tenho uma admiração enorme pelo Pedro, filho da Lucélia, o Pedrinho, muito, eu acompanho as coisas que ele escreve, o trabalho dele, eu acho tão bacana isso, eu acho que,assim, é fruto dessas coisas todas que eu falei anteriormente, acho que a Lucélia se empenhou na vida, na carreira dela, ela como mãe, neste comprometimento assim, ela é intensa, eu também me acho (risos), parece que eu estou auto me elogiando, mas assim, a gente tem uma coisa assim de ir fundo, não estamos aqui de brincadeira não, a gente vai fundo nas coisas, e então esse dia no estúdio eu me lembro muito, assim, do nosso reencontro, de como foi bacana da gente poder estar juntas e fazendo esse trabalho e uma surpresa de que, puxa vida, como a gente nunca trabalhou anteriormente, acho que teve isso, acho que a gente falou alguma coisa sobre isso.

Eu te agradeço de poder falar da minha querida Lucélia, do Pedrinho, Pedro Henrique Neschling, também de me lembrar do Johnny, do pai dele, que eu também tenho saudades. É isso, obrigada querido, muito obrigada tá, um beijo!

Sura Berditchevsky –Atriz, Diretora, Escritora e Produtora

(Foi Augustinha
no especial “As Cartas de Chico Xavier – Linha Direta Justiça”, atuando com Lucélia
Santos em 2004)

Por mensagem de
áudio em 04-11-2018

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